Uma particularidade da Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal é que quase todo o percurso é debaixo de um convento.
Andamos numa área de cerca de 700 m2, ao lado da calçada da Idade do Ferro e outras que são romanas.
Também acompanhamos a geometria das casas de várias épocas deste milénio.
É ainda mais surpreendente porque muitos materiais foram reaproveitados ao longo do tempo e com influências de várias civilizações. Estão sobrepostos, em camadas.
Como foi permanente a ocupação em Alcácer do Sal e em particular na zona do castelo, os vestígios estão sobrepostos. O mais recente está por cima do mais antigo, formando uma colina artificial que em arqueologia é denominada “Tell”.
A proximidade do Rio Sado tornou esta região muito atrativa desde a época do ferro. O rio era a “estrada” para o interior do Alentejo. Por aqui passavam as importações e exportações. As trocas comerciais com terras longínquas são percetíveis através de objetos arqueológicos que foram encontrados e que estão em exposição. Cada um tem a acompanhar informação sobre a sua criação e funcionalidade.
Os cerca de 500 objetos expostos ajudam-nos a recriar o ambiente e alguns são preciosidades pelo detalhe do trabalho feito em cerâmica, pedra ou madeira.
O acervo do museu é muito maior e continua a ser investigado. Do material recolhido nas escavações em quase uma dezena de anos, conta a arqueóloga Marisol Ferreira, há mais cerca de 500 contentores com peças para serem analisadas.
As primeiras intervenções têm cerca de 40 anos quando começaram a fazer obras para depósitos de água. Nessa altura foram identificadas várias estruturas e descoberta uma zona habitacional que vai da época do Ferro até ao século XVIII.
Mais tarde, numa outra escavação, foi descoberto parte do Fórum Romano que se encontra em frente da igreja de Santa Maria do Castelo.
O trabalho mais recente e igualmente uma descoberta relevante para os arqueólogos foi quando do projeto de reconversão do convento para pousada.
Foram escavados três a quatro metros de profundidade para atingir a base da cripta. Escavaram diariamente ao longo de quatro anos e retiraram toneladas de terra. O resultado compensou o esforço.
A Cripta é um dos lugares arqueológicos mais relevantes desta região e também uma forma interessante de se viajar no tempo.
Os segredos da cripta do castelo de Alcácer do Sal faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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